A cannabis autoflorescente tem ganhado popularidade entre os cultivadores brasileiros devido às suas características únicas e benefícios distintos. Ao contrário das variedades tradicionais de fotoperíodo, as autoflorescentes não dependem de ciclos de luz específicos para florescer. Isso as torna ideais para cultivo em regiões com variações de luz ou para cultivadores que buscam colheitas mais rápidas.
Um dos aspectos mais cruciais ao cultivar cannabis autoflorescente é a nutrição. Escolher os nutrientes certos pode fazer a diferença entre uma planta saudável e uma planta estressada. Dada a curta janela de crescimento das autoflorescentes, é essencial fornecer-lhes tudo de que precisam desde o início.
Neste guia, exploraremos a importância de selecionar os nutrientes adequados para sua cannabis autoflorescente, garantindo que ela receba os macronutrientes e micronutrientes necessários em todas as fases de seu ciclo de vida. Seja você um cultivador experiente ou alguém que está apenas começando no mundo da cannabis, este guia oferecerá insights valiosos para otimizar seu cultivo.
Diferenças entre Autoflorescentes e Plantas de Fotoperíodo
Ao entrar no mundo do cultivo de cannabis, é fundamental entender as diferenças entre as variedades autoflorescentes e as de fotoperíodo. Essas diferenças não se limitam apenas ao comportamento de crescimento, mas também às suas necessidades nutricionais.
Autoflorescentes: O Que São?
Autoflorescentes são variedades de cannabis que florescem automaticamente após um certo período de crescimento, independentemente do ciclo de luz. Originárias da linhagem Cannabis ruderalis, estas plantas são adaptadas para climas com variações de luz, tornando-as ideais para cultivo em regiões com dias mais curtos ou mais longos. Geralmente, as autoflorescentes levam entre 8 a 10 semanas desde a germinação até a colheita.
Plantas de Fotoperíodo: Dependentes da Luz
As plantas de fotoperíodo dependem de ciclos de luz específicos para entrar na fase de floração. Em condições naturais, elas começam a florescer quando os dias começam a encurtar, geralmente no final do verão e início do outono. Em ambientes controlados, os cultivadores ajustam o ciclo de luz para induzir a floração, geralmente proporcionando 12 horas de luz e 12 horas de escuridão.
Necessidades Nutricionais: Uma Comparação
- Autoflorescentes: Devido ao seu ciclo de vida acelerado, as autoflorescentes têm uma janela mais curta para absorver nutrientes. Elas tendem a preferir níveis mais baixos de nutrientes em comparação com as plantas de fotoperíodo. Por exemplo, enquanto uma planta de fotoperíodo pode necessitar de 20ml de solução nutritiva por litro de água, uma autoflorescente pode prosperar com apenas 10ml por litro.
- Plantas de Fotoperíodo: Com um ciclo de vida mais longo, essas plantas têm mais tempo para absorver e processar nutrientes. Elas também têm fases vegetativas e de floração mais distintas, o que significa que suas necessidades nutricionais mudam mais drasticamente ao longo do tempo.
Macronutrientes Essenciais para Autoflorescentes
Os macronutrientes são os nutrientes que as plantas necessitam em grandes quantidades para seu crescimento e desenvolvimento adequados. Para a cannabis autoflorescente, esses nutrientes são vitais, especialmente considerando seu ciclo de vida acelerado. Vamos explorar os três macronutrientes primários necessários para as autoflorescentes.
1. Nitrogênio (N)
O nitrogênio é fundamental para a formação de aminoácidos, que são os blocos de construção das proteínas nas plantas. Durante a fase vegetativa, as plantas de cannabis têm uma alta demanda por nitrogênio para sustentar seu rápido crescimento.
- Dosagem: Em média, 18mg por litro de água durante a fase vegetativa.
- Sinais de Deficiência: Folhas pálidas ou amareladas, crescimento atrofiado.
2. Fósforo (P)
O fósforo é essencial para a fotossíntese e desempenha um papel crucial na divisão celular e na formação de flores, frutos e sementes. Durante a fase de floração, a demanda por fósforo aumenta significativamente.
- Dosagem: Cerca de 10mg por litro de água durante a fase de floração.
- Sinais de Deficiência: Folhas com tonalidade escura, muitas vezes com bordas ou pontas roxas.
3. Potássio (K)
O potássio ajuda na regulação dos estômatos, otimizando a absorção de CO2 e a transpiração. Também é vital para a ativação de enzimas e a produção de ATP (energia).
- Dosagem: Aproximadamente 12mg por litro de água durante todo o ciclo de vida da planta.
- Sinais de Deficiência: Bordas das folhas queimadas ou marrons, folhas mais velhas mostrando sinais de amarelecimento.
| Estágio de Crescimento | Nitrogênio (N) | Fósforo (P) | Potássio (K) |
|---|---|---|---|
| Mudas | 5mg/l | 3mg/l | 5mg/l |
| Estágio Vegetativo | 18mg/l | 8mg/l | 12mg/l |
| Fase de Floração | 10mg/l | 15mg/l | 20mg/l |
Micronutrientes e Oligoelementos
Enquanto os macronutrientes são essenciais para o crescimento e desenvolvimento geral das plantas, os micronutrientes e oligoelementos desempenham papéis vitais em processos específicos, mesmo que sejam necessários em quantidades menores. Vamos explorar os micronutrientes e oligoelementos mais importantes para a cannabis autoflorescente.
1. Magnésio (Mg)
O magnésio é um componente central da molécula de clorofila, tornando-o essencial para a fotossíntese.
- Dosagem: Cerca de 0,5mg por litro de água.
- Sinais de Deficiência: Amarelecimento entre as veias das folhas mais velhas, seguido de manchas marrons.
2. Cálcio (Ca)
O cálcio é crucial para a formação e estabilidade das paredes celulares e também ajuda na absorção de outros nutrientes.
- Dosagem: Aproximadamente 2mg por litro de água.
- Sinais de Deficiência: Pontas das folhas novas torcidas ou deformadas, manchas necróticas nas folhas.
3. Enxofre (S)
O enxofre é vital para a produção de aminoácidos e vitaminas.
- Dosagem: Em torno de 0,5mg por litro de água.
- Sinais de Deficiência: Amarelecimento das folhas novas, crescimento atrofiado.
4. Boro (B)
O boro desempenha um papel na formação e estabilidade das paredes celulares, além de ser necessário para a divisão celular.
- Dosagem: Cerca de 0,02mg por litro de água.
- Sinais de Deficiência: Crescimento atrofiado, deformação das pontas das raízes.
5. Cobre (Cu)
O cobre é um co-fator para várias enzimas e é essencial para a fotossíntese.
- Dosagem: Aproximadamente 0,01mg por litro de água.
- Sinais de Deficiência: Folhas mais jovens tornam-se escuras e podem enrolar para baixo.
6. Zinco (Zn)
O zinco é necessário para a síntese de auxinas, hormônios vegetais que regulam o crescimento.
- Dosagem: Em torno de 0,03mg por litro de água.
- Sinais de Deficiência: Folhas mais jovens tornam-se menores e podem apresentar espaçamento reduzido entre elas.
7. Ferro (Fe)
O ferro é crucial para a síntese de clorofila e é um componente de muitas proteínas e enzimas.
- Dosagem: Cerca de 0,1mg por litro de água.
- Sinais de Deficiência: Amarelecimento entre as veias das folhas mais jovens.
8. Manganês (Mn)
O manganês é necessário para a fotossíntese e a divisão celular.
- Dosagem: Aproximadamente 0,05mg por litro de água.
- Sinais de Deficiência: Manchas amarelas ou laranjas nas folhas mais jovens.
9. Molibdênio (Mo)
O molibdênio é vital para a utilização do nitrogênio pelas plantas.
- Dosagem: Em torno de 0,01mg por litro de água.
- Sinais de Deficiência: Amarelecimento das bordas das folhas mais velhas, seguido de manchas vermelhas ou roxas.
| Micronutriente | Dosagem | Sinais de Deficiência |
|---|---|---|
| Magnésio (Mg) | 0,5mg/l | Amarelecimento entre as veias das folhas mais velhas; manchas marrons. |
| Cálcio (Ca) | 2mg/l | Pontas das folhas novas torcidas ou deformadas; manchas necróticas. |
| Enxofre (S) | 0,5mg/l | Amarelecimento das folhas novas; crescimento atrofiado. |
| Boro (B) | 0,02mg/l | Crescimento atrofiado; deformação das pontas das raízes. |
| Cobre (Cu) | 0,01mg/l | Folhas mais jovens tornam-se escuras e podem enrolar para baixo. |
| Zinco (Zn) | 0,03mg/l | Folhas mais jovens tornam-se menores; espaçamento reduzido entre elas. |
| Ferro (Fe) | 0,1mg/l | Amarelecimento entre as veias das folhas mais jovens. |
| Manganês (Mn) | 0,05mg/l | Manchas amarelas ou laranjas nas folhas mais jovens. |
| Molibdênio (Mo) | 0,01mg/l | Amarelecimento das bordas das folhas mais velhas; manchas vermelhas ou roxas. |
Nutrientes Orgânicos vs. Inorgânicos
A escolha entre nutrientes orgânicos e inorgânicos é uma decisão importante para qualquer cultivador de cannabis. Ambos têm seus próprios conjuntos de vantagens e desvantagens, e a escolha pode influenciar diretamente a saúde das plantas e a qualidade da colheita. Vamos explorar as diferenças e considerações ao escolher entre esses dois tipos de nutrientes.
1. Nutrientes Orgânicos
Os nutrientes orgânicos são derivados de materiais vivos ou que já estiveram vivos, como compostos de plantas e animais. Eles são frequentemente usados em cultivos de solo e são liberados lentamente à medida que os microrganismos do solo os decompõem.
- Vantagens:
- Melhora a saúde e estrutura do solo.
- Menor risco de queimar as plantas devido à liberação lenta.
- Pode melhorar o sabor e aroma da cannabis.
- Desvantagens:
- Liberação mais lenta pode não ser ideal para plantas com deficiências agudas.
- Pode ser mais caro do que nutrientes inorgânicos.
2. Nutrientes Inorgânicos (Sintéticos)
Os nutrientes inorgânicos ou sintéticos são produzidos industrialmente e são projetados para serem solúveis em água, proporcionando às plantas acesso imediato aos nutrientes.
- Vantagens:
- Liberação rápida e eficaz.
- Fácil de medir e ajustar.
- Geralmente mais barato do que os orgânicos.
- Desvantagens:
- Maior risco de queimar as plantas se não for dosado corretamente.
- Pode acumular sais no solo ou meio de cultivo.
- Não melhora a saúde do solo a longo prazo.
Considerações ao Escolher
- Tipo de Cultivo: Para cultivos em solo, os nutrientes orgânicos são frequentemente preferidos devido aos seus benefícios para a saúde do solo. Para sistemas hidropônicos, os nutrientes inorgânicos são geralmente a escolha devido à sua solubilidade e eficácia.
- Ciclo de Vida da Planta: Autoflorescentes têm um ciclo de vida mais curto, o que pode tornar os nutrientes inorgânicos mais atraentes para correções rápidas. No entanto, o uso cuidadoso de nutrientes orgânicos ainda pode ser muito eficaz.
- Preferências Pessoais: Alguns cultivadores optam por métodos orgânicos devido a preocupações ambientais ou preferências pessoais sobre o sabor e a qualidade da cannabis.
Nutrientes por Estágio de Crescimento
A cannabis autoflorescente, com seu ciclo de vida acelerado, tem necessidades nutricionais específicas em cada estágio de seu crescimento. Fornecer os nutrientes adequados em cada fase é crucial para garantir um desenvolvimento saudável e uma colheita abundante. Vamos explorar as necessidades nutricionais por estágio de crescimento.
1. Mudas
As mudas são jovens plantas de cannabis que acabaram de germinar. Nesta fase, elas são delicadas e têm raízes pequenas.
- Nitrogênio (N): 5mg por litro de água.
- Fósforo (P): 3mg por litro de água.
- Potássio (K): 5mg por litro de água.
Dicas: Evite fertilizar demais. Use uma solução mais fraca do que a recomendada para evitar queimar as mudas.
2. Estágio Vegetativo
Nesta fase, a planta está focada em crescer em tamanho e estatura. As necessidades de nitrogênio são mais altas durante este estágio.
- Nitrogênio (N): 18mg por litro de água.
- Fósforo (P): 8mg por litro de água.
- Potássio (K): 12mg por litro de água.
Dicas: Monitore as plantas regularmente. Se as folhas começarem a ficar muito escuras ou apresentarem pontas queimadas, reduza a quantidade de nitrogênio.
3. Fase de Floração
Durante a fase de floração, a planta começa a produzir flores. A demanda por fósforo e potássio aumenta, enquanto a necessidade de nitrogênio diminui.
- Nitrogênio (N): 10mg por litro de água.
- Fósforo (P): 15mg por litro de água.
- Potássio (K): 20mg por litro de água.
Dicas: Se as flores parecerem pequenas ou subdesenvolvidas, considere aumentar ligeiramente a quantidade de fósforo e potássio.
Dicas para Cultivo Interno e Externo
O cultivo de cannabis autoflorescente pode ser realizado tanto interna quanto externamente. Cada ambiente tem suas próprias vantagens e desafios. Vamos explorar algumas dicas específicas para otimizar a nutrição em ambos os cenários.
1. Cultivo Interno
O cultivo interno oferece controle total sobre o ambiente, desde a luz até a temperatura e a umidade.
- Iluminação: Garanta pelo menos 18 horas de luz durante a fase vegetativa e 12 horas durante a floração.
- Nutrientes: Use soluções nutritivas específicas para cultivo interno. A dosagem pode ser mais concentrada, com cerca de 20mg de N, 15mg de P e 20mg de K por litro de água.
- Monitoramento: Verifique regularmente o pH e a condutividade elétrica (EC) da solução nutritiva. Um pH ideal é entre 6,0 e 7,0.
Dicas: Use ventiladores para melhorar a circulação de ar e evitar o acúmulo de umidade. Isso também pode ajudar a fortalecer os caules das plantas.
2. Cultivo Externo
O cultivo externo aproveita a luz natural do sol e pode resultar em plantas maiores e mais robustas.
- Localização: Escolha um local com pelo menos 6 horas de luz solar direta por dia.
- Nutrientes: Opte por fertilizantes orgânicos de liberação lenta, como compostos e estercos. A dosagem pode ser mais diluída, com cerca de 15mg de N, 10mg de P e 15mg de K por litro de água.
- Solo: Garanta um solo bem drenado e enriquecido com matéria orgânica.
Dicas: Use coberturas mortas, como palha ou folhas, para reter a umidade e proteger o solo de ervas daninhas. Considere usar defensores naturais, como joaninhas, para proteger contra pragas.
Perguntas Frequentes
Ao cultivar cannabis autoflorescente, muitos cultivadores têm dúvidas específicas sobre nutrição e cuidados. Aqui, abordamos algumas das perguntas mais comuns:
1. O que o Cal Mag faz pelas autoflorescentes?
Resposta: Cal Mag é uma combinação de cálcio (Ca) e magnésio (Mg). Ambos são micronutrientes essenciais para a cannabis. O Cal Mag é frequentemente usado para prevenir ou corrigir deficiências desses dois elementos, especialmente em sistemas hidropônicos ou em água com baixo teor mineral. Uma dosagem típica é de 0,5mg por litro de água.
2. Devo usar nutrientes toda vez que regar?
Resposta: Não necessariamente. É importante alternar entre regas com nutrientes e regas apenas com água. Isso ajuda a prevenir o acúmulo de sais no solo e permite que as raízes da planta absorvam qualquer nutriente residual.
3. Benefícios do sal de Epsom para autoflorescentes?
Resposta: O sal de Epsom é uma fonte de magnésio, que é vital para a fotossíntese e a saúde geral da planta. Se uma planta mostra sinais de deficiência de magnésio, como amarelecimento entre as veias das folhas mais velhas, uma solução de sal de Epsom pode ser útil. Uma dosagem comum é de 0,5mg por litro de água.
4. Como posso identificar uma deficiência de nutrientes?
Resposta: Os sinais de deficiência variam dependendo do nutriente específico. No entanto, sintomas comuns incluem descoloração das folhas, manchas marrons ou necróticas, crescimento atrofiado e deformações nas folhas ou flores.
5. É seguro usar nutrientes inorgânicos em cultivos orgânicos?
Resposta: Se você está buscando um cultivo totalmente orgânico, é melhor evitar nutrientes inorgânicos ou sintéticos. Embora sejam eficazes, eles não são derivados de fontes naturais e podem não ser compatíveis com práticas orgânicas.
Conclusão
O cultivo de cannabis autoflorescente é uma jornada recompensadora que combina ciência, arte e um pouco de paciência. A nutrição adequada desempenha um papel crucial em garantir que suas plantas cresçam saudáveis e produzam flores de alta qualidade. Seja você um cultivador novato ou um veterano, entender as necessidades nutricionais específicas de suas plantas em cada estágio de crescimento é fundamental.
Ao escolher entre nutrientes orgânicos e inorgânicos, considere o tipo de cultivo, as preferências pessoais e o ambiente. Lembre-se de que cada planta é única e pode requerer ajustes específicos na nutrição.
A observação atenta, a adaptação e a aprendizagem contínua são as chaves para o sucesso. Com o cuidado e a dedicação adequados, você pode otimizar a nutrição de suas plantas e desfrutar de colheitas abundantes e de alta qualidade.